quinta-feira

13

(número do azar)

o tempo continua a passar. o tempo que cura. o tempo que faz esquecer. o tempo que não me faz avançar. este tempo mete-me medo. medo de cair, ou melhor, de não aguentar. medo de, este ano, ser pior que o anterior. medo, tenho muito medo.
e este tempo já eu conheço. promete coisas, e não as cumpre. atira-nos de um precipicio e faz-nos acreditar que, no fim da queda, vamos pousar, como uma pena. parte-nos o coração, e cola-o com cuspe.

neste tempo (perdido) perdi-me. senti-me perdida, e não sei se ainda o estou. o joão ajudou um bocado, tentou levar-me para o passeio, enquanto eu andava no meio da rua. mas não resultou, nada. e agora estou sozinha, a tentar ir, pelo menos, para a berma. mas sinto-me a afastar-me, todos os dias um bocadinho. começo a ficar sem paciência, sem pudores, sem motivos, sem problemas de consciência, sem carinho, sem nada, com nada. e gostava de conseguir pedir ajuda para voltar. mas também não tenho coragem. nunca tive.


well, nobody found me.

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