quarta-feira

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É incrível como o nosso organismo funciona. Como a vida joga com todas as peças que lhe apresentam, como se tudo fosse um peão num macabro jogo de paciência. Com a cabeça desligada, a alma desfeita, as lágrimas iminentes e a coragem escondido, ainda consegui a proeza de ficar doente. Mais ainda. Dores de garganta, para combinar com as que tenho de consciência. Pingo do nariz, para fazer companhia ao pingo de segurança que tenho. Arrepios que me magoam as mãos, pés, e cabeça. Todo o meu sistema funcional foi abaixo, e o imunitário quis imitá-lo. Obrigada, sinto-me muito mais completa. Completamente mal.

Mas tudo passa! E isto vai passar, com muito lenços, muita medicação, muito queixume, e muita força de vontade. E muito tempo, muito mesmo.

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When people stop writing, it’s one of two things - they are either really fucking happy or broken beyond repair.” Ming D. Liu

Há uns dias deparei-me com esta citação e, depois de muito tempo sem cá vir, achei que já estava na altura de regressar.

A verdade é que nenhumas das hipóteses acima corresponde ao meu caso. Sim, já tive momentos em que me senti nas nuvens, e outros na sarjeta. Dias em que o Sol me aquecia a pele e a alma, e outros em que tudo era cinzento. Momentos bons, e momentos maus. Como tudo na vida, é necessário equilíbrio. E é com essa ideia em mente que acordo todos os dias, e consigo passar o dia em paz. Ou pelo menos tento.
Outras vezes, não escrevo porque, com tanta coisa na cabeça, é-me difícil manter um pensamento racional e coerente, quanto mais transformá-lo numa frase. Ou então, é pura preguiça.
Seja como for, não é nada alarmante, é só preguicite com uma pitada de distracção.

segunda-feira

55

Há quem diga que só ouvimos e entendemos verdadeiramente as músicas quando estamos felizes e em paz. Eu acho que é exactamente o contrário. Qualquer música tem uma memória a ela agarrada. Qualquer memória tem uma música que a explica. E assim sucessivamente.
Mesmo as músicas alegres e esperançosas, como "We can work it out" (http://www.youtube.com/watch?v=ZNfuTDbdKoY), ou clássicas e melancólicas como tantas do Caeteno Veloso (http://www.youtube.com/watch?v=fwdGWiONMBw). Algumas mais modernas e directas, como "Heartbreaker" (http://www.youtube.com/watch?v=lpxvaFXUzZ8), ou algumas homónimas, tristes, mas ainda assim diferentes, como as "This Time" (http://www.youtube.com/watch?v=iWsVg-zvsoU&http://www.youtube.com/watch?v=44r-jLqCGwg ).
Por fim, a que mais me assegura da verdade dos acontecimentos é a "Weights & Measures" dos Dry the River, também repleta de histórias e memórias.


Já não consigo ter um momento de paz em que não penso em mais nada, em que olho pela 
janela e só ver o mundo a passar, sem me focar em nada em concreto. A música deixou de ser 
o meu porto seguro.