domingo

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Apesar dos meus textos serem maioritariamente lamechas, eu sinto-me sempre um bocadinho melhor depois de os publicar. E, por vezes, sinto-me melhor quando encontro outros textos, outras lamechices, de outras pessoas. Em forma de música, a maior parte, mas também nas ocasionais publicações no facebook daqueles "amigos" que nem fazemos ideia quem são, ou porque continuam a ser "amigos" ... A última trouxe-me aqui, para pensar, comentar, e cuspir mais umas baboseiras.

"Não gosto menos de ti, nem te quero menos desde que nos afastamos. Apenas aprendi a controlar, aceitar, guardar e estimar o que sinto por ti. O lugar que conquistaste em mim é teu e só teu, e mais ninguém tocará nele a não ser tu. Quando eu, tu e a vida quisermos. Não preciso de te esquecer, nem quero, o que vivemos e sentimos um pelo outro não merece isso. Por isso guardo-o, porque acredito que um dia tudo será diferente. Pensar assim, viver assim, ajuda-me a atenuar a dor da tua distância. Estou tranquilo, calmo, deixo apenas o destino fazer o seu papel e se algum dia nos voltarmos a cruzar... Que seja para sempre."
[Um texto de Raul Minh'alma.]

Em primeiro lugar, não conhecia o trabalho de Raul Minh'alma mas, depois de ler isto, fui investigar mais sobre este jovem autor. E, tenho a dizer, que não gosto. Este tipo de romantismo literário não me aquece nem me arrefece, como se costuma dizer. Talvez esta citação me tenha interessado, pois, como disse, gosto de ver o meu reflexo nos pensamentos de outras pessoas. Talvez, daqui a uns tempos, este texto - tal como tantos outros que já publiquei aqui - não vai fazer sentido.
O que me leva à segunda confissão. Este "desabafo" pode ser exagerado, ou prematuro, mas se não dizemos as coisas no momento, no presente, quando é que o fazemos? Estou farta de deixar coisas por dizer - mesmo que não saiba exprimir-me correctamente -, ou dizer no momento errado. Hoje, vi este excerto e "vi-me". Li este desabafo como se fosse um pensamento que se estivesse a formar na minha cabeça.
Não sei se consigo concretizar, ou sequer acreditar plenamente nisto. Quero fazê-lo, não quero largar o que senti até agora, mas ao mesmo tempo não me quero prender a uma possibilidade. Ainda é cedo, para mim, para fazer qualquer tipo de decisão - se é que o tenho de fazer. Mas a incógnita do futuro, e do pensamento e sentimento de outrem, impede-me de definir o que eu própria penso ou sinto.