quarta-feira

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Não sei o que dizer porque não sei o que estou a sentir.
Estou a passar por uma experiência nova, num sítio e língua completamente diferentes. Já conheci muitas pessoas de diferentes pontos do mundo. Já andei a passear pelo país (mas ainda muito pouco). Já fiz isto e aquilo, e continuo sem saber o que estou a fazer.
Deixei muito por fazer e dizer, em casa. Sofro de um constante "inconseguimento". Não consigo deixar as coisas penduradas, mas também não consigo pegar nelas e arrumá-las [metáfora de quem passou parte do verão a tratar da casa, nomeadamente da roupa]. Não consigo não pensar no que poderia ter sido, ter dito, ter feito .. e, mesmo assim, não as consegui(r) fazer ou dizer. Não sei com (e em) que pé vim para aqui, e não sei com qual vou voltar. Não consigo tirar o nó da garganta.

Sempre me queixei - e muito! - das injustiças da vida. E existem, muitas. Já me fartei de insultar o destino, por me ter trocado as voltas. Ainda defendo que o mundo é perverso, e tem um péssimo timing. Agora, acho que eu sempre me sabotei, a mim mesma. Sou eu que não vou pelos caminhos certos, sou eu que não faço as coisas a tempo, sou eu que tenho mais medo de falhar do que qualquer outra coisa. E, se porventura ganho coragem, critico o mundo por me pegar partidas e não me dar o que eu quero, como eu quero, quando quero. Sempre achei que devia culpabilizar os outros pela forma como me fazem sentir, até sobre mim mesma. E, inconscientemente, que lhes podia cobrar isso. Eu sinto e, muitas vezes, em demasia. Eu sonho, sempre alto demais. Eu espero muito dos outros e do mundo, e acabo por cair do meu próprio pedestal.


[ Família que ainda frequenta este blog: não se preocupem com isto, nem comigo! Está tudo a correr bem por aqui, apesar do frio. Não ando a "deprimir", mas morro de saudades de casa!! Ando a conhecer imensa gente, e a divertir-me muito! Mas, preciso sempre de alguns momentos de introspecção ... Muitos beijinhos e abraços fortes! ]