quarta-feira

62

Estou triste. Porque estou longe. Porque me sinto impotente. Porque a vida é madrasta, e não corre como eu quero. Porque estou cheia de trabalho. Porque falta pouco para ir embora. Porque não sei o que fazer, e não quero fazer nada. Porque sim.

Tenho tentado não pensar em mais nada, a não ser no estudo, nos trabalhos e exames. Já nem penso na neve, nem em viagens. E, quando não estou a (tentar) estudar, entupo os ouvidos e a cabeça com música, normalmente com o volume acima do recomendado, para não pensar em mais nada. Mas não dá. A cabeça, os olhos, e o coração voltam sempre a pegar em memórias, e é cada vez mais difícil desprender-me delas. São muitas, distintas em termos de quando se passaram e com quem se passaram, e trazem umas mais antigas, misturadas, transformando-me num vulcão, sempre quase a explodir em choro. Às vezes sinto-me como uma bomba.

Peço desculpa se isto incomoda (ou assusta) alguém. Eu estou bem, mas triste. E, como já disse num texto anterior, sinto em demasia, o que me faz parecer um bocado exagerada, de vez em quando. Agora, estou magoada com a vida, mais uma vez.

[ Vou voltar a uma prática que tinha quando comecei este blog de lamurias, e vou deixar aqui um video musical ]

domingo

61

Apesar dos meus textos serem maioritariamente lamechas, eu sinto-me sempre um bocadinho melhor depois de os publicar. E, por vezes, sinto-me melhor quando encontro outros textos, outras lamechices, de outras pessoas. Em forma de música, a maior parte, mas também nas ocasionais publicações no facebook daqueles "amigos" que nem fazemos ideia quem são, ou porque continuam a ser "amigos" ... A última trouxe-me aqui, para pensar, comentar, e cuspir mais umas baboseiras.

"Não gosto menos de ti, nem te quero menos desde que nos afastamos. Apenas aprendi a controlar, aceitar, guardar e estimar o que sinto por ti. O lugar que conquistaste em mim é teu e só teu, e mais ninguém tocará nele a não ser tu. Quando eu, tu e a vida quisermos. Não preciso de te esquecer, nem quero, o que vivemos e sentimos um pelo outro não merece isso. Por isso guardo-o, porque acredito que um dia tudo será diferente. Pensar assim, viver assim, ajuda-me a atenuar a dor da tua distância. Estou tranquilo, calmo, deixo apenas o destino fazer o seu papel e se algum dia nos voltarmos a cruzar... Que seja para sempre."
[Um texto de Raul Minh'alma.]

Em primeiro lugar, não conhecia o trabalho de Raul Minh'alma mas, depois de ler isto, fui investigar mais sobre este jovem autor. E, tenho a dizer, que não gosto. Este tipo de romantismo literário não me aquece nem me arrefece, como se costuma dizer. Talvez esta citação me tenha interessado, pois, como disse, gosto de ver o meu reflexo nos pensamentos de outras pessoas. Talvez, daqui a uns tempos, este texto - tal como tantos outros que já publiquei aqui - não vai fazer sentido.
O que me leva à segunda confissão. Este "desabafo" pode ser exagerado, ou prematuro, mas se não dizemos as coisas no momento, no presente, quando é que o fazemos? Estou farta de deixar coisas por dizer - mesmo que não saiba exprimir-me correctamente -, ou dizer no momento errado. Hoje, vi este excerto e "vi-me". Li este desabafo como se fosse um pensamento que se estivesse a formar na minha cabeça.
Não sei se consigo concretizar, ou sequer acreditar plenamente nisto. Quero fazê-lo, não quero largar o que senti até agora, mas ao mesmo tempo não me quero prender a uma possibilidade. Ainda é cedo, para mim, para fazer qualquer tipo de decisão - se é que o tenho de fazer. Mas a incógnita do futuro, e do pensamento e sentimento de outrem, impede-me de definir o que eu própria penso ou sinto.

quarta-feira

60

Não sei o que dizer porque não sei o que estou a sentir.
Estou a passar por uma experiência nova, num sítio e língua completamente diferentes. Já conheci muitas pessoas de diferentes pontos do mundo. Já andei a passear pelo país (mas ainda muito pouco). Já fiz isto e aquilo, e continuo sem saber o que estou a fazer.
Deixei muito por fazer e dizer, em casa. Sofro de um constante "inconseguimento". Não consigo deixar as coisas penduradas, mas também não consigo pegar nelas e arrumá-las [metáfora de quem passou parte do verão a tratar da casa, nomeadamente da roupa]. Não consigo não pensar no que poderia ter sido, ter dito, ter feito .. e, mesmo assim, não as consegui(r) fazer ou dizer. Não sei com (e em) que pé vim para aqui, e não sei com qual vou voltar. Não consigo tirar o nó da garganta.

Sempre me queixei - e muito! - das injustiças da vida. E existem, muitas. Já me fartei de insultar o destino, por me ter trocado as voltas. Ainda defendo que o mundo é perverso, e tem um péssimo timing. Agora, acho que eu sempre me sabotei, a mim mesma. Sou eu que não vou pelos caminhos certos, sou eu que não faço as coisas a tempo, sou eu que tenho mais medo de falhar do que qualquer outra coisa. E, se porventura ganho coragem, critico o mundo por me pegar partidas e não me dar o que eu quero, como eu quero, quando quero. Sempre achei que devia culpabilizar os outros pela forma como me fazem sentir, até sobre mim mesma. E, inconscientemente, que lhes podia cobrar isso. Eu sinto e, muitas vezes, em demasia. Eu sonho, sempre alto demais. Eu espero muito dos outros e do mundo, e acabo por cair do meu próprio pedestal.


[ Família que ainda frequenta este blog: não se preocupem com isto, nem comigo! Está tudo a correr bem por aqui, apesar do frio. Não ando a "deprimir", mas morro de saudades de casa!! Ando a conhecer imensa gente, e a divertir-me muito! Mas, preciso sempre de alguns momentos de introspecção ... Muitos beijinhos e abraços fortes! ]

segunda-feira

59


Parte dois.
Esta música também é da Capicua mas, ao contrário da anterior, só ouvi poucas vezes. E dessas poucas vezes, fez-me sentir um bocadinho mais confiante, e deu-me vontade de andar e seguir em frente. Por isso é que referi a "coragem" no post anterior, na primeira parte.
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Mas esta vontade de andar para a frente, de ter coragem, é fugaz. É um momento em que penso para mim mesma "agora sim! agora consigo!", e depois acordo. Volto a cair na rotina de me queixar, na mágoa de não saber o que fazer, e fico-me pela vontade. Que, por mais forte que seja não passa de um desejo imaginado, como os que se fazem ao apagar velas.

Mais uma vez, mostro a letra, com a opção de ouvir a música.

http://letras.com/capicua/1784158/

domingo

58


Este texto é a primeira parte de um desabafo (quase) contraditório. Tem música, tristeza, e coragem. Quero acreditar que com isto possa chegar a bonança que a tempestade da minha cabeça e coração necessitam. O tempo, que dizem que cura tudo, parece não passar! E,de repente, já se passaram meia dúzia de anos, e continua tudo igual (ou volta sempre ao mesmo?).

Como sempre, considero que existe uma (ou até várias) música(s) que retrata (quase) perfeitamente algumas situações. Existe uma que está presente no meu quotidiano, tanto nos ouvidos e na boca, como na consciência. Um loop eterno, em que dou por mim a cantá-la até em sonhos. Como é que a reflexão, o desabafo, a angústia de outra pessoa assenta como uma luva na minha "situação"? Quase que desejo ter sido eu a escrevê-la primeiro. É como um espelho em forma de poema cantado, em que eu me revejo e me apercebo do que sinto.

A música é da (grande!!) artista Capicua, e portanto é do estilo hip hop. Por isso mesmo, vou deixar aqui o link de uma página em que tem a letra da música, e a opção - para quem quiser - de ouvir a mesma. Na minha opinião moldada, vale a pena ouvir e acompanhar a letra, mas cada um faz como melhor entender.

http://letras.com/capicua/hora-certa/

quarta-feira

57

É incrível como o nosso organismo funciona. Como a vida joga com todas as peças que lhe apresentam, como se tudo fosse um peão num macabro jogo de paciência. Com a cabeça desligada, a alma desfeita, as lágrimas iminentes e a coragem escondido, ainda consegui a proeza de ficar doente. Mais ainda. Dores de garganta, para combinar com as que tenho de consciência. Pingo do nariz, para fazer companhia ao pingo de segurança que tenho. Arrepios que me magoam as mãos, pés, e cabeça. Todo o meu sistema funcional foi abaixo, e o imunitário quis imitá-lo. Obrigada, sinto-me muito mais completa. Completamente mal.

Mas tudo passa! E isto vai passar, com muito lenços, muita medicação, muito queixume, e muita força de vontade. E muito tempo, muito mesmo.

56

When people stop writing, it’s one of two things - they are either really fucking happy or broken beyond repair.” Ming D. Liu

Há uns dias deparei-me com esta citação e, depois de muito tempo sem cá vir, achei que já estava na altura de regressar.

A verdade é que nenhumas das hipóteses acima corresponde ao meu caso. Sim, já tive momentos em que me senti nas nuvens, e outros na sarjeta. Dias em que o Sol me aquecia a pele e a alma, e outros em que tudo era cinzento. Momentos bons, e momentos maus. Como tudo na vida, é necessário equilíbrio. E é com essa ideia em mente que acordo todos os dias, e consigo passar o dia em paz. Ou pelo menos tento.
Outras vezes, não escrevo porque, com tanta coisa na cabeça, é-me difícil manter um pensamento racional e coerente, quanto mais transformá-lo numa frase. Ou então, é pura preguiça.
Seja como for, não é nada alarmante, é só preguicite com uma pitada de distracção.